Meu cérebro está completamente atrofiado.

Cada dia mais eu percebo uma certa disfunção cognitiva da minha parte, e acredito que isso vem como um efeito colateral dos meus hábitos não tão saudáveis.
Ontem mesmo estava conversando com meus colegas de trabalho a respeito da tal “atrofia cerebral” causada pelo uso de inteligência artificial, e percebo que isso é muito mais severo, pelo menos na minha vida, do que eu gostaria.
Veja, eu não estou aqui para lhe dizer o que você deve ou não fazer, mas olhe só como começa meu dia:
Acordo de manhã, por volta de umas oito horas e, a primeira coisa que faço, é pegar o meu celular. Vejo alguns stories e alguns reels, fico exatamente trinta minutos, pois na minha cabeça, impor tal limite é saudável. Após isso, levanto-me, escovo os dentes, visto uma roupa e venho para o computador, onde fico até umas dez da noite. Pois é.
Então, percebendo esta rotina grotesca que vinha levando, decidi que era hora de mudar um pouco.
Daí, voltando ao que estava falando: Nada de chat GPT.
Olha, o chat GPT é uma tecnologia fantástica, ele pode resolver diversas tarefas do seu dia, resolver problemas de código como se fosse mágica e muitas outras coisas. Mas ele também cria um problema: Você fica completamente dependente da ferramenta.
Hoje eu sinto uma dificuldade em codificar que é de uma grandeza que jamais havia experienciado antes, me sinto arrastado na hora que abro uma IDE que não me dispõe de uma agente para fazer o código por mim.
Eu sinto que isso foi o fator mais declinante que já me ocorreu. Sinto que, nem mesmo quando estava começando a programar, eu tinha tamanha dificuldade em executar tarefas simples. No que foi que eu me tornei? Um zumbi?!
Então é hora de mudar, basta! Nada de redes sociais assim que acordo, nada de delegar o meu pensamento pra IA. É mais do que necessário, é crucial voltar a escrever, voltar a pensar.
Nos próximos 30 dias, me desafiei e desafiei meus colegas de trabalho a fazer o “desmame” dos agentes de IA. Imagino que, por eu ser o CTO, isso até pareça uma decisão um tanto precipitada, pois vamos perder a tal “agilidade”. Não, não vamos.
A verdade é que a IA não te dá uma agilidade significativa para compensar o custo. Não apenas custo monetário, mas o custo de qualidade de código, custo de capacidade cognitiva do time, todos esses são custos que simplesmente a IA não pode e nem vai cobrir.
Empresas que celebram o ganho de produtividade proporcionados pela IA estão, sem saber, cultivando um time mais fraco cognitivamente.
Além disso, esse medo que temos de ficar para trás, o chamado FOMO, nos foi implantado artificialmente. No longo prazo, ganha quem produz mais qualidade, não quantidade. Ganha quem produz um código auto-explicativo, ganha quem produz valor real. A IA, ao meu ver, não gera valor, ela desvaloriza.
Enfim, é isso que tenho a dizer, até amanhã.
Se quiser, deixe um comentário, seria interessante conversar sobre isso e ver se mais alguém tem passado por essa atrofia cerebral.
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